Estilhaça-me || Leitura Crítica

Acho que não é novidade por aqui o enredo de Estilhaça-me: Juliette está confinada há quase um ano em um manicômio enquanto o mundo lá fora enfrenta O Restabelecimento, uma camada da sociedade que pretende “modificar” o mundo – sim, este livro é uma distopia.

O problema de Juliette é que ela sempre teve um estranho poder de machucar as pessoas apenas com o toque das mãos e, em seus dezessete anos de vida, ela buscou ser uma menina boa e se manter afastada de todos, mas foi ao matar um menininho de três anos que ela foi definitivamente excluída da sociedade. Mas sua vida mudou quando num dia um rapaz foi colocado em sua cela. No princípio, ele lhe parecia estranho e ela queria manter-se distante dele, mas ao olhar para seus olhos ela o reconhece dos tempos da escola.

Poucos dias depois que o intruso, Adam, chega ao seu quarto, ela é levada para uma autoridade maior e descobre que tudo era uma farsa e eles têm planos maiores de usá-la como arma. Mas Juliette não quer ser um monstro.

Primeiramente, estava muito relutante para começar a leitura de Estilhaça-me porque todos estavam ficando LOUCOS por este livro, sério, foi um super surto e eu sempre me esquivo destas febres, mas uma hora eu ia ter que ler e quando comecei, embora tenha achado o maçante, não conseguia largar.

A narrativa de Tahereh é o que considero uma inovação em tudo que já li. Afinal se Juliette é perturbada, nada melhor do que escrever como uma pessoa perturbada, correto? Ela mescla seus pensamentos, suas análises, suas palavras. Em vários momentos senti uma dorzinha de cabeça pela inconstância da narrativa, embora ela siga uma ordem cronológica.

Juliette é muito observadora, ela presta atenção em comportamentos, silêncios e olhares; seus pensamentos são bem elaborados. Os personagens são bem construídos e em muitos momentos fiquei perdida sem saber em quem confiar porque vemos tudo sob o ponto de vista dela, sentimos seus medos, suas inseguranças e eu, que não sou fã de narrativas em primeira pessoa, fui abduzida pela leitura.

Adam é um mistério, durante muitos momentos desconfiei dele, em outros me derreti em seus braços *suspiros*.

Vi no skoob algumas pessoas falando sobre um triângulo amoroso entre Juliette, Adam e Warner (o mau), mas eu não vi assim, embora haja uma forte dualidade em Juliette, ela não se apaixona por Warner, ela sente asco por ele, até o fim. Juliette está confusa, sempre se manteve afastada da sociedade, nunca pode tocar ou ser tocada por alguém. Mas concordo com todos aqueles que não se sentiram capazes de se apaixonar por um vilão mau e embora (já usei muito esta palavra) mesmo que ele goste de Juliette, a priori ele pretende usá-la, então não rolou química nenhuma.

E por último, que mini capítulos são aqueles, heinnnn???? Pois é, capítulos com quatro ou cinco páginas, daí você lê um, dois, três e pluft! o livro acaba!

Recomendo para quem gosta de distopia, ficção científica e uma boa dose de romance e pra quem não gosta também, hahaha.


|| Informações:
Estilhaça-me
Tahereh Mafi
Editora Novo Conceito
304 páginas