quinta-feira, 6 de março de 2014

Coisas que ninguém sabe, Alessandro D'Avenia

Coisas que ninguém sabe é uma leitura difícil, apesar de ser juvenil, o autor usa de uma linguagem cheia de metáforas, erudita e extremamente poética (não gosto!). Não é o meu tipo favorito, me afetou, mas não me arrebatou. D'Avenia me ganhou na construção dos personagens e na forma que desenvolveu sua trama. Transformando o comum em especial.

Margherita, aos 14, está a começar o liceu (ensino médio) quando recebe a notícia que seu pai foi embora de casa. Agora, está em crise. Mas aos poucos junta em si coragem, incentivada pela avó, um professor e um colega da escola, a empreender-se numa viagem em busca do pai.

Há uma beleza estranha na lenta composição e exposição dos fatos.


Primeiro, não se sabe por que e para onde partiu o pai de Margherita. É um livro dramático e em crise como tende a ser essa fase da vida das pessoas. Margherita é difícil de simpaticar, há na personagem um lado que causa encanto de identificação e repulsa de impaciência no leitor. Ela é exatamente como são as meninas de quatorzeanos que chegam nessa zona de conflito interno que não é nem a infância nem a adolescência. Somando ao fato de ter sido abandonada pelo pai (quando um homem vai embora, ele trai mais sua filha do que sua esposa), de estar iniciando uma nova fase na escola (que inclui toda a disputa pelas menininhas buscando sua autoafirmação) e de estar descobrindo o novo amor (um grande mistério e aventura), o autor consegue construir com perfeição essa personagem em seus questionamentos e crises.

Os outros personagens também são bem feitos. Seu irmão com a ingenuidade de uma criança de seis anos, Marta como a amiga de uma família completamente diferente, que usa das abstrações do horóscopo para se proteger das inseguranças dessa fase;  a própria mãe não tem respostas a oferecer aos seus filhos e, além de cuidar da própria dor, precisa ampará-los. A avó foi a personagem que menos gostei e mais me deixou impaciente o tempo inteiro, cara vez que ela aparecia eu fica estressada. Outro personagem sensacional é o professor de latim/italiano que não segue o que prega.

Um livro lindo e delicado, que exige muito do leitor por não ser nem um pouco banal, por conter elementos comuns, por mostrar beleza no cotidiano, nas inquietações de cada um.

3 comentários:

  1. Milena me arranja um presenteador de livros dese autor. Quero muito!!!
    Quero ser arrebatada por suas metáforas, seus dramas e tudo mais.

    Quero ficar inquietada junto com a leitura.

    Obrigada pela resenha, que consegue me deixa ainda mais impaciente :/

    liliescreve.blogspot.com

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  2. Achei sua resenha bastante interessante, mas acredito que esse não seja meu tipo de livro, embora as vezes me veja presa em uma narrativa mais arrastada, não consigo terminar livros que fiquem só nisso. :/

    http://livrologias.blogspot.com.br/

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  3. Mi minha querida vc já sabe que adoro suas resenhas, mas não canso de dizer que a forma como vc expõe sua opinião me encanta e inspira a sempre buscar uma escrita melhor. Já li algumas resenhas desse livro e confesso que ele não chamou minha atenção e depois de saber que ele usa uma linguagem mais difícil confesso que fiquei menos interessada, mas ao mesmo tempo adorei saber um pouco mais sobre seu enredo. Assim se alguém me perguntar já posso ter uma ideia do que falar e claro indicar sua resenha como referência.

    Beijos e até mais!!!!

    Leituras, vida e paixões!!,

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Obrigada!