domingo, 23 de março de 2014

Quando tudo volta, de John Corey Whaley

Quando você começa um livro sem expectativas e de repente se surpreende e fica fisgada com a trama e a narrativa do autor, você atravessa a madrugada até chegar à última palavra e enfim dormir satisfeito. Foi assim que me senti com Quando tudo volta. John Corey Whaley simplesmente me ganhou, com uma história aparentemente simples, mas completamente convincente e cheia de sentimentos (sem ser sentimentaloide).

Cullen é um menino de dezessete anos que leva uma vida normal numa cidade pequena e sem graça. Na verdade, ele também é bem sem graça. O oposto do seu irmão, Gabriel, que é extrovertido, simpático, bem humorado. A mãe dos dois é cabeleireira e seu pai trabalha fazendo transporte de equipamentos para escavações de poços.

Recentemente, um primo dos rapazes faleceu devido ao consumo de drogas e a família está em crise. Além de todo esse problema, Gabriel simplesmente desaparece. Se aconteceu algo ruim ou se ele fugiu, ninguém sabe. E ninguém além de Cullen parece estar muito interessado porque surgiu um homem dizendo que naquela remota cidade existe uma espécie de pássaro já declarado extinto e isso, momentaneamente, é mais importante que o sumiço de um rapaz de 15 anos.


O livro é somente isso: a vida de Cullen após o desaparecimento do irmão, o modo como ele lida com as coisas, a reação de cada integrante da família e essa busca por esse maldito pássaro. E, apesar de tão pouco, o livro é repleto de sentimento por mostrar um jovem que está sentindo a ausência do irmão e está quase sozinho nessa. Digo “quase” porque Cullen tem um melhor amigo que embarca nessa “depressão” junto a ele.

Mas não é sentimentaloide, o autor não nos oferece um personagem depressivo. Cullen certamente está sofrendo pela falta do irmão e, principalmente, pela falta de respostas. Também pela necessidade de deixar esse evento para trás e seguir adiante... algo completamente impossível porque toda sua família, embora não aparente isso, está destroçada.

O autor tem uma incrível sensibilidade para captar cada um desses aspectos e transmitir para o leitor. Ajudado, claro, pelo fato de, a parte de Cullen, ser narrada em primeira pessoa...

Além de toda essa situação, temos uma narrativa em terceira pessoa que nos apresenta Benton, um jovem que, para tentar agradar o pai, torna-se missionário na Etiópia. Mas, com o insucesso, ele volta para casa decepcionando o pai que decide ignorá-lo indefinidamente. Por esse motivo, Benton vai para a universidade e lá ele conhece Cabot Searcy e eles se tornam grandes amigos.

No começo, me senti extremamente curiosa para compreender o que tinha relacionando as duas histórias... como o sumiço de Gabriel poderia ter algo a ver com o fanatismo de Benton? E, ah, como o autor me surpreendeu... com uma lógica crível, que me fez refletir e apontou para um rumo que me deixou muito satisfeita.

Por último, preciso dizer que é um livro que gostei de uma forma imensa, que ainda agora, enquanto escrevo todo esse texto, estou perturbada por essa história, estou dividindo e compartilhando os sentimentos de Cullen, estou revoltada no meio dessa cidade fissurada em um pássaro, ainda estou assistindo a mídia ignorando um rapaz desaparecido, estou assistindo uma família implodindo.

Leiam, por gentileza.

2 comentários:

  1. Milla! Ei amei a capa desse livro e alguma coisa nele me chamou atenção, mas estava ansiosa por uma opinião sobre a narrativa. Adoro esses livros gostosinhos, que nos pegam sem a gente nem notar....Tks! :)

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  2. Poxa amiga confio muito na sua opinião, mas confesso que esse livro não chamou minha atenção. Apesar dessa crítica das pessoas se preocuparem mais com um pássaro raro do que com o desaparecimento de um jovem não sei se leria o mesmo, mas enfim o futuro a Deus pertence.
    Achei essa capa bem feia =(
    Mas enfim gostei de conhecer sua opinião. Beijos e ótimas leituras!!!

    Leituras, vida e paixões!!!

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Obrigada!