Mais uma vez fica minha efusiva salva de palmas para o escritor Fernando Morais.
Conheci seu trabalho numa entrevista concedida a Serginho Groisman e fiquei bastante curiosa para ler o livro O Mago (biografia de Paulo Coelho) e, quando surgiu a oportunidade, devorei 600 páginas.
Agora com Olga nas mãos, hesitei um pouco antes de priorizar o livro na fila de leitura, mas após tê-lo feito, não me arrependi!
Por onde começar? Qual a nomenclatura que se dá a quem ama biografias? Sou dessas, risos.
E me pergunto: como podem existir pessoas que não gostam de biografias? Chego a conclusão que é pelo mesmo motivo que eu não gosto de auto ajuda, não leio chick lit e evito YA books: opiniões e preferências diferentes.
Acredito que não seja simples criar uma história com situações, causas e consequências, e admiro muito quem tem tal potencial – ou dom. Mas acredito que seja ainda mais complicado recriar fatos que deveras aconteceram. É isso que Fernando Morais faz e de uma forma fabulosa!
Para fluir com o livro Olga, é bem útil compreender mesmo que basicamente as conseqüências da I Guerra Mundial, quem foi Adolf Hitler, o que foi o Fascismo o Nazismo, os problemas de ser judeu na Alemanha Nazista, quem foram Lênin, Stálin e Marx, o que foi o Comunismo e, no Brasil, o que foi a Coluna Prestes e quem foi Vargas. Então eu fui estudar!
Eu Li: Olga, Fernando Morais, Editora Alfa Ômega, 314 págs. |
A história começa dando exemplo da coragem – ou loucura, né? – de Olga: ela comandou uma operação que libertou seu camarada comunista e namorado, Otto, durante o julgamento que o condenaria à cadeia. Por causa deste episódio, Olga sai de casa aos 16 anos e ganha o mundo.
Filiada ao Partido Comunista, Olga recebe a missão de vir ao Brasil ao lado de Luís Carlos Prestes - o Cavaleiro da Esperança - para introduzir o Comunismo no país que vivia sob o governo autoritário de Getúlio Vargas. Usando disfarces e documentos falsos, Olga e Prestes visitam alguns países em busca de mais disfarces e documentos falsos, apaixonam-se e chegam ao Brasil casados.
Aqui no Brasil, mais quantias vultosas foram investidas a fim de garantir que haveria a revolução e, no dia marcado, nada dá certo. Aos poucos, membros do PC foram sendo capturados e, sob torturas, falaram mais do que devia, resultado disso: depois de muitas mudanças e muitas buscas Olga e Prestes foram presos, pouco depois Olga descobre que está grávida.
Na cadeia existe um sistema interno super mafioso entre todos os comunistas presos, mas eles não podem impedir quando Vargas decide mandar Olga para as mãos de Hitler na Alemanha. Olga tem seu bebê na prisão e recebe o direito de ficar com amamentando até que seu leite acabasse.
Enquanto isso, a mãe Luís Carlos Prestes, D. Leocádia e corre toda a Europa tentando libertar suas nora e neta, mas o máximo que consegue é comprovar a paternidade de Prestes e, quando Olga tem que entregar a pequena Anita, é a avó que se responsabiliza pela criança.
Depois, Olga é transferida da prisão feminina para um campo de concentração, mas ela não desanima e, apesar das torturas e trabalhos forçados, está sempre pregando o comunismo, ensinando suas companheiras de reclusão.
Olga morre numa câmara de gás.
No Brasil, Prestes é solto por causa da anistia e sobe em palanques declarando seu apoio a Vargas (?) que agora está contra a Alemanha – política, política... Após um discurso, ele recebe um bilhete informando-o que Olga morreu.
Mas o livro é muito mais que isso. É o retrato de uma época, o panorama de várias nações, são ditaduras, é a cegueira, uma política irracional e o silêncio alienado.
O livro não tem todo aquele romantismo do filme e, apesar de se tratar de uma época cujo autoritarismo reinava, não têm muitos trechos narrando torturas. O livro também tem várias fotos de Olga – como a maioria das biografias – e algumas cartas que foram trocadas entre Olga e Prestes enquanto eles estavam presos.
O livro não tem todo aquele romantismo do filme e, apesar de se tratar de uma época cujo autoritarismo reinava, não têm muitos trechos narrando torturas. O livro também tem várias fotos de Olga – como a maioria das biografias – e algumas cartas que foram trocadas entre Olga e Prestes enquanto eles estavam presos.
E o que eu achei mais interessante é que o livro não procura dar uma aula de história – o que é de se esperar de enredos ambientados em determinados panoramas históricos -, Fernando Morais só e somente conta sobre a vida de Olga Benario Prestes.
Muito bom. É interessante ver que ícones, heróis e pessoas que entraram na história na verdade eram pessoas como nos. Olga teve uma vida fantástica porque ousou viver de acordo com as próprias convicções. Muito bom o texto. muito bem escrito!!!
ResponderExcluirUm historia emocionante, Olga foi incrivel, situações pertubadoas ela passou ainda mais para um mulher naquela epoca, coisas que ninguem deveria passar.
ResponderExcluir