quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Angústia de Graciliano Ramos

ar, mar, ira, ria, mira, rima, arma, amar: MARINA.
Concluí que toda a história acontece por causa desta senhorita.

Luís da Silva perdeu o pai ainda jovem e desde então precisou cuidar-se sozinho. Aos 35 anos, é funcionário público (escritor num jornal do Estado) e mora num quartinho alugado. Pense nisso tudo da forma mais medíocre.
Comecei o livro sem entender p... nenhuma, mas depois fui me acostumando com a narrativa. Em diversos momentos, lembranças do narrador-personagem misturam-se ao "presente" (e qualquer falta de atenção deixa o leitor voando na conversa).

Durante a história aparecem vários personagens e Luís da Silva (ou Graciliano Ramos) descreve-os com um olhar crítico bastante aguçado. Também senti (não de uma forma central) uma crítica sobre a imprensa e os livros - o artifício de escrever apenas com a finalidade de comercializar. (imagino que o livro só falaria sobre isso se tivesse sido escrito nos dias de hoje...)

Luís da Silva conhece, se acostuma e começa a gostar de Marina.
É bastante delicado julgar o sentimento que o une a ela. Ele a considera uma fútil, mas a quer bem e deseja-a fisicamente - isso nem preciso dizer, porque todo homem deseja qualquer mulher fisicamente e isso não significa sentimento. Suficiente para um casamento, sim. E eles planejam se casar...

Marina é filha de D. Adélia, uma senhora que justifica toda a trivialidade da filha na frase "é a mocidade" e Seu Ramalho, um homem desgastado de trabalhar para sustentar a filha, que se incomoda com muita coisa e até reclama, mas jamais protesta. E sobre Marina, o que posso dizer, é que ela é o contrário da Amélia (risos).

Quando, preparando-se para o casamento, o pobre coitado Luís da Silva gasta até o dinheiro dos outros, Marina troca-o por Julião Tavares, um gordo e rico; Daí começa o estresse de Luís, a obsessão por Marina acentua-se por tê-la perdido e daí as perturbações dele são compartilhadas com a vítima o leitor.

O livro é interessante; a visão crítica de Luís é interessante. Cheguei no final desesperada para terminar porque já estava sufocada. As sensações vão variando de curiosidade ao tédio, passando pela perturbação, confusão e chegando à angústia. Um leitor que não esteja psicologicamente preparado vai ler por ler ou abandoná-lo.
E fica a dica: quando terminar de ler, volta ao começo e vai lendo de novo até chegar naquele momento "aaahhhh, entendi".


[Não achei a capa do livro que li, ele tem 230 páginas, escrito por Graciliano Ramos, Editora Record, 18º edição.]

3 comentários:

  1. Nunca li esse livro, mas ele parece lançar um misto de emoções.
    Amo livros que interajam com o leitor, torna o livro mais intimo ainda.
    Realmente o que vc colocou dos homes á a pura verdade rsrs!
    Gosto das suas criticas, vc escreve muito bem e faz uma resenha maravilhosa.
    Estou descobrindo agora a literatura brasileira, tenho que confessar, e estou a amando.
    Não acredito que nunca havia me interessado por ela antes.
    BJ!

    http://amigasentrelivros.blogspot.com

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  2. Meninaaaaaa...
    Amei a Sua Crítica!!!
    Realmente, a História Passa Todos Esses Sentimentos ao Leitor. Às Vezes, Dá Vontade De Parar De Ler, Mas a História Depois Vai Melhorando!!!
    Li o Livro e Achava Que Não Iria Mais Terminar!!! rsrsrs...
    Bjs! Tô Ligadinho Aki No Blog! =]

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  3. Parece ser bem interessando entretanto ainda não criei a vontade para ler este, quem sabe no futuro eu leia.

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Obrigada!