quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Max x Pi - impressões pessoais


Primeiro li o Pi. Depois o Max. Com um intervalo de meses entre eles. Não há como julgar qual dos dois é melhor. Apesar de terem o "mesmo ponto de partida", os autores (e seus livros) tomam rumos diferentes e chegam em lugares diferentes. Mas vou pontuar aqui o que achei de semelhanças e diferenças.

Em ambos, um rapaz (sendo o Pi mais novo que o Max) sobrevivem a um naufrágio e ficam à deriva em um bote/escaler com um tigre/jaguar. São jovens, numa embarcação pequena, com um felino. 

Em Pi, além do tigre, ele começa sua aventura com outros animais (um orangotango, uma zebra e uma hiena). Max começa sozinho e, sem querer, resgata o jaguar. 


Enquanto Martel (em Pi) fica somente no bote com o felino (em mais de 350 páginas), Scliar fica no escaler em apenas um capítulo e narra muitas outras coisas (em menos de 100 páginas). 

Enquanto o Scliar não estava preocupado em falar somente do fato menino/bote/felino e foi exatamente o que Martel fez. Então, pode-se dizer que o Martel pegou um capítulo curtinho e transformou em um livro grandão.

Também é preciso atentar para os diferentes signos das histórias: os felinos de Max representam seus medos, num aspecto político (primeiro seu pai, depois o nazismo, até a ditadura) enquanto o tigre de Pi representa seus temores, num aspecto religioso (afinal,  Pi tem mais de uma religião). 

Percebem que falei os felinos para Max? Os felinos. No plural. Aparecem vários durante a história: o tigre empalhado na loja, o jaguar no escaler, um gato miando no quintal, uma onça em sua chácara. Enquanto Pi tem apenas um tigre (seria Deus um só, mesmo Pi seguindo três doutrinas? Ou ele estaria enfrentando a si mesmo?) 

Ambos também têm como destino a América (norte/sul), a América que é a nova terra, nova vida e representa, portanto, uma renovação. O Scliar dedica-se a mostrar isso enquanto o Martel aborda apenas de forma superficial. 

Por fim, em ambas as histórias, ficamos diante da possibilidade de terem sido ambos relatos apenas delírios de seus sobreviventes. 

Seja como for, na minha opinião, são histórias diferentes entre si e merecem, as duas, a leitura.

2 comentários:

  1. Eu adorei essas comparações. Ainda não li o Pi. Apenas vi o filme e gostei muito desse aspecto religioso. E curti ainda mais tuas reflexões.

    PRECISO LER AMBOS!

    Beijos
    liliescreve.blogspot.com

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  2. Mi que post perfeito, adorei suas comparações. Ainda não li nenhum nem vi o filme mas já escutei muitos comentários sobre eles. Foi muito positivo acompanhar sua opinião sobre ambos.
    Beijos

    Leituras, vida e paixões!!!

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Obrigada!