domingo, 9 de fevereiro de 2014

O teorema Katherine, de John Green

Um livro que me fez pensar em expectativas por dois aspectos: (1) se você tiver muitas (e determinadas) expectativas, não vai gostar e (2) ele trata de um personagem que cresce cercado por expectativas e é meio frustrado.

Colin é um rapaz que, aos 17 anos, foi dispensado pela 19ª vez. Todas as suas namoradas, sem exceção, chamavam-se Katherine. Agora, para superar esse mais pé na bunda, ele e seu único amigo, Hassan, decidem partir numa viagem de carro sem destino. Desde pequeno, Colin e sua família sabem que ele é um prodígio. Logo, ele pretende ter seu momento eureca e fazer algo para ser considerado verdadeiramente importante pro mundo (e para reconquistar a Katherine XIX). Aliás, Colin é um fug* fazedor de anagramas! Em sua viagem de carro, eles vão parar numa cidade bem do interior e são contratados por Hollis, a dona da fábrica que sustenta toda a cidade a escrever, a partir de entrevistas, a história da cidade e da fábrica. Logo Colin que não sabe contar uma história com começo, meio e fim! E é nisso que Lindsay, filha de Hollis, vai os ajudar.

Com um protagonista, a primeira vista insuportável, John Green consegue escrever um livro, para mim, completamente fascinante. Entendam: o Colin é chato! Dito isso, fica muito mais fácil encarar a leitura de O teorema Katherine. Ele é chato por ser diferente, por se fazer diferente e por querer ser diferente. Por t^-lo descoberto como um prodígio desde cedo, seu pai deposita muitas expectativas no Colin e ele acaba adquirindo todas essas expectativas e, aos poucos, vai se tornando frustrado por não fazer nada de genial. Aliás, o Colin acabou de sair de mais um namoro e, apesar de estar sofrendo, está decidido a usar isso para criar uma fórmula sobre o comportamento dos Terminantes e Terminados.

Ou seja, além de ser diferente, o Colin é uma pessoa obcecada: obcecado em ser importante, em terminar esse teorema, em suas Katherines, em diversas coisas pouco interessantes (cara, ele é uma enciclopédia ambulante!), em se achar entediante e na sua prodigiosidade. Mas é aí nesse ponto que John Green super acertou porque ele reflete exatamente a personalidade e comportamento de alguém que é constantemente pressionado a dar o melhor de si e ser sempre o melhor.

O leitor que estiver esperando um romance... bem... não vai encontrá-lo no primeiro plano. É um romance de formação, onde o personagem principal está se descobrindo e eu até digo: ele demora muito a se encontrar, a se perceber no mundo, a realmente compreender sua própria importância. Mas é muito bom observar a trajetória do Colin nisso. Além disso, os personagens coadjuvantes são um ótimo complemento a história, Hassan é uma graça, por exemplo.

Me convenceu (embora eu não entenda bulhufas de matemática), me conquistou e eu li bem rapidinho, portanto, recomendo. John Green é um excelente contador de histórias e causa muitas reflexões. ACEDE é "melhor", mas esse me pareceu menos previsível.

P.s. que dedicatória mais linda de todas é aquela? Só a dedicatória, vale o livro Todo!
P.s. (2) sobre o *, leia para sacar, hahaha.
P.s. (3) o livro tem as melhores notas de rodapé de todos os tempos!

3 comentários:

  1. Amiga adoro suas resenhas e confio muito na sua opinião, mas vc acredita que ainda não senti aquele instalo que desperta minha curiosidade para determinado autor e sua obra. Esse autor ainda não me convenceu mas vou pensar melhor sobre ele após sua opinião. Bjos e parabéns pela leitura.

    Leituras, vida e paixões!!!

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  2. As notas de rodapé! Acredito que os pontos mais importantes sempre estão nos rodapés.,

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  3. Oi Millena!
    Olha, os livros do John Green não chamam minha atenção, mas sua resenha me deixou curiosa e acho que vou dar uma chance para O Teorema de Katherine. Os personagens parecem fazer a leitura valer a pena! :)

    Beijos,

    Rafa{Fascinada por Histórias}

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Obrigada!