terça-feira, 1 de abril de 2014

A corte do ar, Stephen Hunt

Para começar abril, hoje vou compartilhar com vocês minhas impressões de leitura do primeiro steampunk que tive oportunidade de ler: A corte do ar, o livro nº 2 da Coleção Bang! publicada pela editora Saída de Emergência Brasil. Se em algum momento eu trouxer observações óbvias ou clichês, lembrem que sou novata no assunto.

Molly Templar é uma garota que vive em um orfanato e sempre perdendo seus empregos, até que ela é contratada para trabalhar num bordel. No entanto, seu primeiro cliente é um homem que está disposto a matar qualquer pessoa para alcançá-la. Molly consegue escapar com ajuda de homens-vapor (máquinas com vida), mas por qual motivo alguém estaria perseguindo uma órfã?

Enquanto isso, Oliver Brooks, também órfão, é um adolescente encantado (e, por esse motivo, fichado) que vive com seu tio na pousada dele e trabalha fazendo pequenos mandados. É quando seu tio é assassinado após receber um hóspede muito estranho que as coisas na vida de Oliver começam a mudar. Acusado de assassinar o tio, ele também parte numa fuga ajudado justamente por este hóspede estranho... por que alguém mataria seu tio? O que é essa tal Corte do Ar para qual seu tio trabalhava? O que são essas vozes na cabeça de Oliver?

Ambos os jovens, em circunstâncias diferentes, partem numa fuga daqueles que estão caçando-os... os motivos? Ambos possuem poderes muito importantes e são, portanto, procurados pela Corte do Ar, uma polícia secreta espalhada pelo céu planejando uma sociedade perfeita.


Eu não havia lido nenhum steampunk até o momento e estranhei muito o livro no começo, digamos que durante as cem primeiras páginas é muito complicado assimilar toda a criação de Stephen Hunt porque são muitos personagens com características diferentes (falo físicas), ambientes diversos, crenças esquisitas, magias sortidas, preferências políticas complicadas e delicadas (embora isso nos caiba facilmente na cabeça por causa da semelhança com alguns momentos históricos). Aliás, por toda essa variedade é preciso levantar e aplaudir Stephen Hunt por conduzir toda essa trama tão original sem dar um nó.

A corte do ar traz, além de toda a magia e engenhosidade do gênero steampunk, muitas subtramas guiadas por conceitos como comunismo, socialismo, igualitarismo, parlamentarismo, republicanismo e todo esse cenário político é muito forte, influente e decisivo na história. Outra coisa que surpreende é que, em geral (isso falo por pesquisas), livros do gênero steampunk se passam no passado, e A corte do ar se passa num futuro.

Quando comecei a me familiarizar com toda a história, lá para depois de ter lido duzentas páginas, comecei a realmente gostar do livro, encontrei sintonia com os personagens, comecei a identificar conceitos importantes e, principalmente, me sentia com vontade de ler o tempo inteiro, embora eu tenha avançado em passos lentos. Os protagonistas me convenceram e as coisas começaram a fazer sentido com o passar dos fatos e logo eu estava criando sentimentos com a obra, raiva, indignação, piedade... Eu não sou a maior leitora de ficção científica, mas achei muito interessante algumas ideias abordadas no livro e a lógica de condução.

É um livro que exige muito, exige dedicação, paciência, atenção (uma frase perdida e você quase precisa reler toda a página) e força a compreensão do leitor, embora não traga exatamente mistérios a serem desvendados. A narrativa de Hunt é boa e clara, ele sabe manter uma constante.

E, apesar de eu ter citado aqui que foi difícil me acostumar com tudo fora do lugar, preciso dizer ‘obrigada’ a Saída de Emergência BR por nos ter presenteado com um Glossário de Chacália no final do livro :)

 ~*~
Informações extras:
Esse é o primeiro livro da série Jackelian e, por enquanto, eu não encontrei informações sobre a previsão da data da continuação, mas lá fora o autor já está no sexto livro. Na seguinte ordem:

1.     A corte do ar
2.     The kingdom beyond the waves
3.     The rise of the Iron Moon
4.     Secrets of the fire sea
5.     Jack Cloudie
6.     From the deep of de dark

P.s. Costumo não dar nota máxima a livros que ‘devoro’ porque eles são livros simples e fáceis, gosto mesmo dos livros que mexem comigo, que me perturbam e instigam a mente. Vejam só, esse livro está comigo desde dezembro/2013 e somente agora em 2014 tomei o ímpeto de começar a ler, mas não foi de primeira: li 54 páginas e o deixei de lado, depois voltei do começo e a leitura total durou uns 12 dias. É preciso salientar que o livro é grande (tem 544 páginas) e possui capítulos longos, alguns capítulos tem, por exemplo, 39 páginas. O autor precisa simplesmente narrar MUITAS coisas para dar conta do que está acontecendo em cada parte da história, embora ele não seja extremamente descritivo o tempo inteiro, o livro é cheio de ação e movimentos (porque os órfãos estão em fuga e são duas fugas separadas).

2 comentários:

  1. Oi, Millena!
    Eu gosto bastante do gênero e ainda não li esse livro, mas tenho muita vontade. Pelos comentários que li sobre ele e pela sua resenha percebi que o livro é bastante denso, pelo que já pude notar os livros desse gênero são mesmo cheios de informações e particularidades para serem absorvidas. Assim que der que ler esse livro. Adorei sua resenha! :D

    Beijos,

    Rafa {Fascinada por Histórias}

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  2. Mi confesso que quando esse livro foi lançado fiquei até curiosa mas depois acabei desistindo de solicitar pela parceira, porque as resenhas que li dele mostraram assim como a sua que ele é um livro que precisa de atenção e calma na leitura e na minha atual situação não é o que procuro. Mas um dia quero conhecer esse estilo e quem sabe eu o leia. Amei suas palavras porque tive uma ideia geral do que encontrar e esperar do livro. Parabéns pela leitura e resenha.
    Beijos

    leituras, vida e paixões!!!

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Obrigada!