O Retrato de Dorian Gray || Leitura Crítica

Um dos melhores clássicos que li no ano e claro que só podia ser da literatura inglesa (Oscar Wilde era irlandês).

Dorian Gray é um jovem rapaz que está posando para que seu amigo Basil Hallward faça uma pintura. No dia em que o seu retrato fica pronto, Dorian conhece Lorde Henry, um homem com opiniões bem formadas e argumentos bem fundamentados que, por meio do fascínio de suas palavras, consegue dominar Dorian. Nasce uma amizade intensa entre Dorian e Henry.

Após um tempo com seu retrato exposto em casa, Dorian percebe que começam a aparecer mudanças em sua imagem e, ao recordar-se de umas palavras ditas, compreende a situação e percebe que o retrato começa a envelhecer enquanto ele próprio permanece com a aparência jovem.

O livro trata de muitas questões morais e é bem denso com um texto leve, achei os diálogos bem elaborados e, sinceramente, não achei a linguagem difícil.

Basil é um homem bom, entretanto, se perde em sua paixão por Dorian e, como todas as pessoas, acredita em sua bondade por causa de seu belo rosto, como se a beleza externa fosse um reflexo da alma das pessoas. Eu não o considero isento de culpa sobre a desgraça de Dorian, afinal em todos os momentos ele deixou evidente sua admiração pela beleza de Dorian Gray.

Henry é um homem ácido, que critica a sociedade em todos os aspectos e, completamente hedonista, corrompe Dorian a trilhar caminhos colocando o prazer acima de tudo. A influência que Henry exerce sobre Dorian surge à primeira vista e é mantida por meio de palavras (o eterno poder – benigno ou maligno – das palavras).

Dorian é apenas um objeto manipulado pelas teorias de Henry, mas ele não é inocente e ingênuo! No momento em que ele percebe que o retrato reflete a sua alma, ele pode escolher entre o bem e o mal e, embora Henry sempre o esteja induzindo ao mau caminho, ele tem vontade própria e o que ele faz? Esconde o retrato e, ao compreender o significado de ter seus atos refletidos em outra superfície, ele aproveita para fazer tudo TUDO sem pensar em consequências.

Digo que Dorian tinha vontade própria porque diversas atitudes foram tomadas sem interferência de Henry; Dorian se tornou mau, mas sem deixar de ter consciência de seus atos, muitas vezes ele caía em si e sentia uma pontinha de arrependimento.

Foi, com certeza, um dos clássicos mais fluidos que li nos últimos meses.

Ligado ao decadentismo, o livro é bastante pessimista e, numa visão religiosa, posso dizer que o tema explorado é a luxúria.

Durante a leitura, fiz a tolice de assistir ao filme e eu recomendo a vocês que não façam isso com livro nenhum!

O filme é bem enxuto e, embora a Nayara diga que não chega nem no chulé, eu gostei! Claro que é somente mais um exemplo de adaptação que não corresponde às nossas expectativas após a leitura do livro, mas acho que o principal foi mantido e achei interessante porque explicitou algumas coisas que Oscar deixou subentendido.

E um suspiro para Ben Barnes (que é meu queridinho príncipe Caspian nas Crônicas de Nárnia).

|| Informações:

O Retrato de Dorian Gray

Oscar Wilde

Tradução de João do Rio

Editora Martin Claret

214 páginas