domingo, 23 de outubro de 2011

Dom Casmurro


“Machado de Assis é um exemplo. Tinha tudo para dar errado e não deu”
Pe. Fábio de Melo em Cartas Entre Amigos – sobre ganhar e perder

Dom Casmurro? Ah, mas todo mundo já conhece a história desse livro! Nem preciso dizer que esse é um clássico brasileiro de leitura obrigatória blá blá blá, né? Aliás, eu super recomendo!

Já ouvi, vi e li muitos comentários positivos e negativos a respeito dessa obra e fico decepcionada quando encontro alguém que não compreende a dimensão da importância de Machado de Assis e MAIS AINDA quando encontro alguém que nunca leu Machado de Assis.

Dependendo da circunstância em que ocorre a leitura, o livro pode ser agradável ou não. Concordo que diante da obrigação, encontramos um livro tedioso, uma linguagem antiga com vocábulos e referências desconhecidas: todos os ingredientes para deixar o livro perfeitamente cansativo e digno de abandono.

Entretanto, uma leitura iniciada espontaneamente pode gerar bons frutos... Claro que, na minha condição de apaixonada por clássicos e literatura brasileira, encontro em Machado de Assis um prato cheio.

Confesso que na primeira vez que li Dom Casmurro senti dificuldade para avançar nas páginas e achei que eram desnecessários aqueles capítulos pequenos. Hoje a releitura fluiu tranquilamente e percebi que os capítulos curtos tornam a leitura mais breve e fácil.

MAS... não é minha intenção dar uma aula de literatura aqui, ok?

Bentinho e Capitu cresceram vizinhos e tornaram-se amigos, entretanto a mãe de Bentinho, D. Glória pretende mandá-lo para o seminário em pagamento de uma promessa feita quando o menino nasceu.

A mãe de Bentinho é uma senhora viúva, cândida e em alguns momentos bastante ingênua. Católica, religiosa e fervorosa, perdeu o primeiro bebê e, na ocasião da gestação de Bentinho, ela prometeu que, se o menino nascesse, ela o faria padre.

Diante da possibilidade de ficarem longe um do outro, Capitu aconselha induz Bentinho a pedir a José Dias que este convença D. Glória a não mandar o menino para o seminário. José Dias não obtém total êxito, mas consegue impor a seguinte condição: se Bentinho tiver vocação, torna-se padre; e, no caso contrário, ele volta para casa e estuda Direito na Europa. O intuito de José Dias era acompanhar Bentinho à Europa.
José Dias é um agregado da família que aos poucos conquistou espaço e influência.
Bentinho e Capitu prometem que casar-se-ão [acreditem: se as pessoas entendessem, eu falaria assim!] um com o outro, trocam o primeiro beijo e Bentinho vai para o seminário.

Capitu é uma menina bonita – aos olhos de Bentinho – inteligente, esperta, perspicaz, dissimulada, esquiva e que tem o poder de persuadir e influenciar Bentinho a satisfazer todas as suas vontades. Ela é a mulher que todas nós queríamos ser.

Recluso, Bentinho torna-se amigo de Escobar – Ezequiel Escobar – um rapaz atraente que cativa toda a família de Bentinho. Um ano depois, ambos saem do seminário. Escobar para dedicar-se ao comércio e Bentinho para estudar as leis, contudo sem ir para a Europa.

Escobar casa-se com Sancha e eles logo têm um bebê. Bentinho e Capitu casam-se, o bebê tão desejado demora um pouco, mas vem saudável e cheio de energia.

O menino recebe o nome do amigo de Bentinho e vai crescendo com o hábito de imitar os outros, até que Bentinho percebe que ele se parece muito com o próprio Escobar no jeito de andar, falar etc.

Tá, não foi uma das melhores resenhas sobre Dom Casmurro, mas este é um livro rico em detalhes que merece uma tarde inteira para ser contado e discutido e este post já está ficando muito extenso.

O livro tem vários personagens, tio Cosme, prima Justina, Pádua, protonotário Cabral, Sancha e outros que preenchem o segundo plano da história, mas Bentinho – ou Machado de Assis – não deixa de dar um olhar crítico e analítico sobre cada um deles.

Machado de Assis criou uma polêmica em torno deste enredo e levou a resposta do mistério consigo para o túmulo, afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho?

É preciso ler, reler e treler este livro para tentar criar uma opinião e sempre vai existir alguém com bons argumentos para discordar.

O que eu mais queria desde o momento que comecei esta postagem é dizer que EU ACREDITO QUE CAPITU NÃO TRAIU BENTINHO e eu até estava querendo argumentar, mas... não quero influenciar ninguém com minha opinião, só acho que homens ciumentos tendem a inventar coisas em suas cabeças férteis.

Enfim, este é o mesmo caso de ponto de vista que citei no livro A menina que não sabia ler, o narrador personagem acredita em uma coisa e usa todo o livro para convencer o leitor que a visão dele sobre os fatos é a correta.
Obrigada!

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