domingo, 7 de setembro de 2014

Coraline, por que eu não contei sua história?

Hoje fiz o impensável: doei o livro Coraline. Com medo, com remorso e com saudade, parafraseando Manuel Bandeira. Quando o entreguei nas mãos do aluno (meu aluninho do projeto Clic@v) já me sentia arrependida e ao mesmo tempo satisfeita, doar livros faz parte da minha rotina já há um tempo.

Li Caroline Coraline em 2013 e foi na época que comecei a vacilar com o blog e terminei não escrevendo sobre o livro aqui... Assim como o filme, Coraline é um terror bem psicológico para crianças, mas que eu recomendaria a leitura para os maiores de 14 anos. Coraline atinge o público infanto-e/ou-juvenil justamente por atacar um ponto em comum a todos: a insatisfação com o mundo ao redor... quem nunca desejou, nem por um segundo, ter uma vida, uma casa, uma família diferente? Ao encontrar uma passagem para outro mundo, Coraline encontra também o dilema: o que ela tem x o que ela quer. Simples, mas desde pequenos sabemos que (1) querer está tão longe de poder e (2) tudo tem um preço. Nessas idas e vindas de um universo para o outro, Coraline descobre o preço a ser pago para ter a vida que deseja e como coisas macabras podem se esconder com as fantasias das nossas ilusões...

Aparentemente, o mundo de lá (que é o mundo além do nosso) é perfeito (como nós achamos que ele é), mas o perigo da perfeição começa a se mostrar nas minúcias captadas por Coraline... Apesar de eu dizer: recomendo para as crianças "maiorzinhas", Coraline é o típico livro voltando para o público mais jovem: cheio de lições didáticas e morais, nos deixa várias reflexões sobre como lidamos com o mundo ao nosso redor, temas como coragem e amor são explorados de uma forma encantadora.

Neil Gaiman é muito fantástico (fantasioso/excepcional) em sua elaboração e, embora eu tenha lido apenas esse livro, tenho a convicta impressão de que toda sua obra é assim. Ele nos envolve. A colocação exata sobre o que acontece ao abrir esse livro é: ele nos seduz assim como o mundo de lá seduz a Coraline...


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Filme para variar: A menina que roubava livros

Ok, faz teeempo que esse filme foi lançado: eu sei! Mas eu só o assisti no fim de julho, quem me acompanha no facebook do blog (fb.com/amorporclassico) sabe disso...

Me sinto satisfeita.
E fica na imagem a certeza que compartilho com a Morte: os humanos me assombram.

Mesmo já tendo lido duas vezes a história de Liesel Meminger, foi impossível não me emocionar com a sutileza e doçura do filme que conseguiu expressar em imagens tudo que Markus Zusak construiu.

Aliás, são poucos os filmes que conseguem adaptar um livro sem fazer cortes exagerados, eu mesma não senti falta de nada que pudesse alterar o rumo dos fatos. 

Os personagens conseguiram ser exatamente aquilo que eu já tinha guardado em minha mente e em meu coração. Oh, meu Deus, Hans ficou perfeito, Hans ficou exatamente como eu sempre imaginei que ele fosse... só a Rosa que eu que foi um pouco favorecida, mas nem isso conseguiu tirar a beleza da obra em si.

Embora não tenha sido o primeiro livro que li na vida, A menina que roubava livros é o marco inicial da minha vida literária, o primeiro livro que fiquei madrugadas acordada porque não conseguia não ler. E coincide com ser uma história que fala sobre o despertar da leitura e de como a leitura pode nos salvar em todos os aspectos. Já li alguns livros sobre Segunda Guerra e todos eles me comovem e causam extremo pesar por mostrar o lado pior do ser humano... A menina que roubava livros, filme ou livro, nos mostra que também existe um lado melhor no ser humano.

Ao término, eu só conseguia me sentir satisfeita e deixo para vocês a imagem de uma certeza que compartilho com a morte:


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Mar de rosas, de Nora Roberts

Ok, eu sei que de Abril para cá o blog simplesmente não andou quase nada. Mas fiz uma excelente leitura recentemente daquelas que não posso deixar de falar aqui... Minha recessão nas postagens é consequência de uma recessão nas leituras porque estava faltando algo nos livros que me prendesse e me impelisse a continuar...

Mar de rosas conseguiu me segurar e me deixar ansiosa, voltei a sentir aquele velho desejo de ficar horas e horas com o livro sem querer fazer mais nada... e, quando estava fora de casa, tudo que queria era voltar para ler. Nora Roberts é uma autora que possui um jeito doce de escrever, principalmente seus romances e neste não foi diferente.

Emma é florista e sócia da Votos, empresa que realiza casamentos e, ao contrário da sua amiga Mac - protagonista do livro Álbum de casamento - ela possui uma família bem estruturada e alicerçada em amor, portanto, sonha em encontrar um verdadeiro amor para a vida inteira... Entretanto, não têm aparecido caras muito interessantes na sua vida e é na volta de um encontro, quando seu carro quebra, que ela topa com Jack, seu amigo de infância, um cara que ela considera como irmão. Nessa noite, o clima é diferente, eles se olham e se veem. Infelizmente, Jack é o tipo de homem independente, que não está nem um pouco interessado em encontrar um amor para a vida toda. Após alguns novos encontros o clima entre eles começa a esquentar e ambos decidem viver essa paixão sem muitas expectativas...

Confesso que o livro anterior me convenceu mais, embora Jack e Emma tenham muita química e vivam aquele romance fantástico que é o amor entre amigos (quem não ficaria feliz em encontrar o melhor amigo e o amante na mesma pessoa?), a evolução entre os sentimentos de Mac e Carter foi mais fofinha *-*

Aliás, Jack e Emma cometem os erros que muitas vezes nós mesmos cometemos: deixamos grandes oportunidades passarem porque não dizemos o que sentimos, não fazemos o que queremos... Nora Roberts acerta nisso: na realidade dos sentimentos, no receio que a paixão-só-sexo se transforme em amor (Isso me faz lembrar que, segundo Marçal Aquino, o amor é sexualmente transmissível), que o sentimento não seja recíproco. Emma vive o dilema que toda mulher vive ao desejar um homem para a vida inteira sem querer pressioná-lo. E Jack é o clássico homem "gosto-de-você-mas-não-estou-pronto-para-casar".

Essa série é um amor completo, mas o que senti falta em Mar de rosas foi um maior envolvimento emocional entre os personagens, a autora focou tanto em outras preocupações e acabou esquecendo de criar um elo maior, de explicar melhor esse antigo sentimento... Dei 3 estrelinhas!

Acrescentando o fato de que alguns motivos e comportamentos no final das contas foram infantis, exagerados e forçados. Certas picuinhas ali podiam ter sido evitadas com maturidade!

Por fim, já ficou bem claro quem serão os pares dos próximos livros...