Depois de longo
tempo sem ler/resenhar clássicos, trago um livro da melhor qualidade para iniciar este mês de julho. Em seu romance, Gabriela Cravo e Canela, Jorge Amado
usou Ilhéus como cenário de uma trama rica, bem elaborada e bem amarrada. A
narrativa, em terceira pessoa, aborda três circunstâncias paralelas.
O assassinato de
Osmundo e Sinhazinha, pelo traído Jesuíno.
A disputa política
entre Ramiro Bastos e Mundinho Falcão.
O envolvimento de
seu Nacib e Gabriela.
Ilhéus é uma cidade
em notável progresso, comandada há vinte anos por Ramiro Bastos, um homem
respeitável, mas que acha que governar é calçar ruas e fazer jardins e não é
adepto a algumas modernidades. Para lhe fazer oposição nas próximas eleições
surge Mundinho Falcão, exportador de cacau vindo do Rio de Janeiro que tem
investido no crescimento da cidade.
Mas o ano é 1925 e
um homem traído só limpa sua honra se matar sua esposa e o amante, e é esta
atitude que o coronel Jesuíno toma a respeito de Sinhazinha e o dentista
Osmundo. O coronel é levado a julgamento, mas todos sabem que é mera
formalidade porque certamente ele será absolvido.
O ponto de encontro
de todos os personagens é o bar Vesúvio, administrado pelo árabe de nascença e
grapiúna de vivência, seu Nacib. Entretanto sua cozinheira e arrumadeira decide
cumprir uma antiga promessa de ir embora e ele se vê desesperado por encontrar
uma substituta porque no dia seguinte ele tem uma encomenda de jantar para
trinta pessoas. Buscando daqui e dali sem encontrar, ela acha no mercado de
escravos Gabriela, imunda de poeira e rindo a toa como uma lesada e decide
arriscar levá-la para casa.
Em casa, após um
banho, ele descobre que Gabriela é uma linda mulher, cheiro de cravo e cor de
canela. Gostosa na cama e excelente cozinheira. Mas ele se vê inquieto porque
todos querem-na, ele tem medo de perdê-la e não pode se casar com mulher sem
origem. Que fazer?
Já disse: é um livro
riquíssimo, mas devo acrescentar que é bem lento.
A própria Gabriela
demora mais de 50 páginas para aparecer e os desvios do romance principal para
abordar outros acontecimentos muitas vezes podem parecer cansativos para quem
está acostumado com literatura fast food.
Gabriela é uma
personagem indescritível, próxima a qualquer coisa de inexplicavelmente
perfeito, que nos encanta e apaixona.
Os personagens são
tão populares que vamos lendo e sorrindo por identificar um corriqueiro costume
ou outro. Além de entretenimento, Gabriela Cravo e Canela nos oferece um
mergulho na cultura cacaueira (para nós que só estudamos política café com
leite) e nas mudanças ocasionadas pelo "progresso" em cidades cuja
política se limitava ao coronelismo. Conhecemos costumes antigos que se
tornaram obsoletos e outros que permanecem até os dias atuais.
Acho que ler Jorge
Amado nos possibilita ler sobre o passado em perspectivas atuais. É um livro
que recomendo sem receios, apesar de algumas passagens mais picantes,
características da segunda fase da escrita do autor.
Você sabia? Os
padrões de beleza estética sofreram uma mudança. Em 1925, por exemplo, uma
mulher para ser bonita precisava ser robusta. Após ficar evidente que gordura
não é sinal de saúde, nossos padrões começaram a exigir magreza das mulheres. Por isso na novela as mulheres são magrinhas, enquanto no livro são todas carnudas.
Beijocas!
|| Informações:
Gabriela, Cravo e
Canela
Jorge Amado
Companhia das Letras
424 páginas
Oi Miiiiiiiiiiii!
ResponderExcluirNunca li Jorge Amado ><
Mas com certeza pretendo e pela sua resenha vou penar seriamente em começar por esse. Sou meio que acostumada com leituras lentas, acho que não vou me incomodar tanto. Um clássico é sempre bom, adoro!
Bjão flor!
-Amigas Entre Livros-
Eu ja tinha lido o livro e amei,agora com a nova versão na tv to adorando também relembrar a historia kkkkkkkk
ResponderExcluirJorge Amado é muito bom
bju bju
Fiquei com vontade de ler esse livro por causa da minissérie, mas sei que já deveria ter lido alguma coisa de Jorge Amado antes... shame on me!
ResponderExcluirOlá!!
ResponderExcluirTenho muita vontade de ler alguma obra do autor, mas ele já tem essa fama de escrever estórias de maneira lenta... não que isso seja um impedimento, mas acaba por fazer com que outros livros entre na frente da lista de leituras...
Não há como negar que um autor tão renomado tenha mesmo uma literatura riquíssima. *o*
Gostei bastante da sua resenha, ainda mais da curiosidade ao final. -rs
Beijos,
Samantha Monteiro
Word In My Bag
http://wordinmybag.blogspot.com.br/
Amei essa resenha porque venho assistindo a novela (sim, logo eu que nem sou noveleira), e tenho adorado. Pelo que pude ver na sua sinopse do livro, ela é bem fiel. Estou super curiosa para ler o livro, e confesso sem a menor vergonha que a vontade só bateu agora que comecei a assistir na Globo huahau
ResponderExcluirBeijos!
Olá!
ResponderExcluirEu gosto muito do jeito com que Jorge Amado escreve, ainda não tive a chance de ler Gabriela, e quando a gente descobre que Gabriela existiu de verdade (embora tenha sido descrita com bastante liberdade poética, digamos assim...) dá mais vontade de ler ainda... gosto principalmente pela questão cultural, é um outro mundo fora, como você disse, dessa cultura do café com leite, que geralmente estudamos.
ótima resenha!
Beijos
Boa noite Millena,
ResponderExcluirNuca li Jorge Amado, gostaria muito de ler, parabéns pela resenha....abçs.
http://devoradordeletras.blogspot.com.br/