domingo, 5 de abril de 2015

Das más interpretações alheias

Essa semana passei por uma situação inicialmente confusa, mas que depois me deixou sorridente e, lamento por isso, com um ar de 'ninguém é mais poderoso que Deus e eu' [VIEIRA, Susana].



Acontece que durante minha leitura de Marina Colasanti - diva - eu compartilhei um trechinho na minha página pessoal do facebook que dizia gentilmente que abre aspas Quando ele se atrasa para o jantar e eu sei que ou está tendo um caso ou está estirado morto na rua, sempre espero que esteja morto". Melhor morto do que com outra. Assim era o ciúme de Judith Viorst, poetisa americana da década de 30. E, no entanto, ao dizer isso ela o amava - pois se não o amasse não teria ciúme fecha aspas. O título do livro, aliás, é E por falar em amor.

Não sei como vocês conseguem interpretar isso, mas de cara gostaria de dizer que eu não desejo o mal do meu namorado/esposo. Nem eu. Nem Judith Viorst. Nem Marina Colasanti. Nem ninguém que se sinta minimamente inspirado por essa frase. E também deixo aqui que a beleza desse trecho - completo - não está em desejar o mal a alguém, mas em refletir sobre como o amor - o homemXmulher, banhado no eros - envolve uma série de sentimentos e sensações, o ciúme pode estar presente nesse conjunto, por que não?

Este não é um trecho que fale sobre morte. É um trecho que falou do ciúme em sua forma mais genuína, do ciúme-novela-de-tevê se não é meu não é de mais ninguém. É o ciúme fruto do amor, de um amor tão abnegadamente egoísta que prefere a morte - o fim de quem vive MORAES - do objeto amado a vê-lo, feliz talvez, com outra pessoa. Colide com o ágape, diverge do amor familiar, mas não deixa de ser amor. Amor que se aquece nos panos quentes da paixão.

É um trechinho que me afetou por falar de amor do jeito mais antagônico ao amor, um trechinho simples e ímpar, mas imenso em signos, extraído da mesma fonte  d'os doze sintomas do amor, bem literal para quem não entende de entrelinhas e bem metafórico para quem lê o que não está escrito. No mais, eu diria: leiam Marina Colasanti. Ou simplesmente: Leiam. Ou: Não leiam meu facebook tentando achar relatos / indiretas / postagens baseadas na minha vida.

Espero que este tenha sido meu último post aqui sobre esse livro. Beijos mill.

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